domingo, 8 de fevereiro de 2009

Quem nunca pecou que atire a primeira pedra.








Amigos,



Acordei matutando sobre os sentidos da palavra "pecado" e confesso-lhes, também pequei. Pequei principalmente porque tive preguiça de abrir o dicionário e, porque achei que sabia o suficiente, continuei repetindo e pensando as mesmas coisas.
Nesta manhã, decidi que já era hora de pagar penitência e lá fui eu para estante procurar os meninos. No Aurélio, confirmei os sentidos de transgressão e desvio e por meio do dicionário etimológico acabei por entender aquelas conversas cifradas entre meu pai e minha mãe: "Fulana tropeçou feio!", "É, cuidado para não tropeçar você também!". Ora pois, pecar deriva do latim
peccare, que inicialmente significa isso mesmo: tropeçar (vulgo trupicar!). Daí para a correlação “tropeçar espiritualmente”, ou seja, "pecar" foi um pulinho (ou tropeção se preferirem!). Aliás, ando tropeçando muito ultimamente! Não, não se animem, não tropeço como aquela fulana de que minha falava, mas trupico feio com relação à atividade física e aos estudos, só para começar. A preguiça me espreita em cada esquina. E não têm adiantado ave-marias, credos, açoitamentos, joelhaço no milho ou cilício nas coxas. Mea culpa! A TV, o cinema, a piscina, a jardinagem, o shopping, o papo furado, o cafezinho, o pão-de-queijo, o vestido azul e o sapato dourado desviam-me do caminho da salvação. Vivo pelos corredores vigiando e orando, mas basta um insetozinho, um fagulha, uma notinha musical que escapa de um radinho distante e lá estou eu pecando. Quando não é a gula, vem a soberba. Quando quebro as pernas dessa maldita, vem a inveja me corroer os ossos. Mal fecho os olhos de seca-pimenteira, um torso bronzeado e bem definido me leva luxúria abaixo. Num átimo volto à lucidez e, muito avara de mim mesma, nego a atenção aos meus comparsas. Sim, porque pecar sozinha não tem muita graça! Basta uma escorregadela para que aquela minúscula farpa se torne uma trave e a raiva atávica de ter sido expulsa do paraíso se torne ódio puro e calculado que, num acesso de fúria, cega meus olhos de medusa e me torna a criatura mais irada do planeta - não, filhinho, irada, neste contexto, não é sinônimo de legal, cool, etc.
Enfim, já exausta e depois de me morder e remorder decido que é hora de redimir-me. Pego a República que estava embaixo da almofada do sofá, aquela em que ainda há pouco em babava, e vou ler.
Amanhã escrevo de novo, se vocês forem complacentes comigo!

Nota1: eu babava na almofada e não na República.
Nota2: alguém pode me explicar porque os pecados capitais são todos femininos?


2 comentários:

  1. Tanoca,

    A meu ver, pecar é tão relativo quanto os conceitos que a mesma palavra implica. Como não pecadora, como iria vislumbrar a redenção divina? Meu pecado não é indizível, é antes, incompartilhavel...risos amo vc!

    Mara

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  2. Luxúria & Gula..são pecados mortais ? ensinaram-me que sim..

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