domingo, 14 de setembro de 2008

metamorfoseações

Metamorfoseação

O livro A metamorfose, de Franz Kafka serviu-nos de inspiração para a construção desse nosso primeiro sarau. Algumas reflexões nos levaram a compreender que o ser humano é mesmo uma metamorfose ambulante. Corpos se transformam em meses, dias, poucos minutos. Uns afinam e se afinam com a moda, outros comprimem-se em músculos tensos, incham, torcem e distorcem as fibras, as carnes, os ossos. Surgem pessoas-montanhas, mulheres-cavernas, homens-baobás, jovens-caniços, meninas-borboletas, velhos-pernilongos. Criaturas que desfilam por aí, trombam-se como formigas.
Mas não só corpo se transforma, também a mente, a alma, o espírito, a energia, enfim, nossas entranhas, nossos medos e emoções. A raiva de ontem? já foi esquecida, assim também o encantamento. A energia que emana de mim para o outro depende de vários fatores e pode chegar quase falida ou em ebulição. A alma (imutável?) também se muda quando tudo fora pára de mudar, abandona a casca e alcança o sublime, onde quer que esteja e seja com que nome for, se for.
Por fim, mesmo que alguém possa dizer: “Não mudei nada, estou como era antes!” Lá do lado de fora, a árvore cresceu, o pai arrumou emprego, a cantora careca saiu da cadeia, pregaram os botões naquela camisa e fizeram uma ponte por cima do rio em que um dia você se banhou.

Nenhum comentário:

Postar um comentário